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AGRONEGÓCIOS

Crédito recorde no Pronaf 2025/2026 pode não cobrir custos reais por hectare

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A escalada dos custos dos insumos — fertilizantes, defensivos e combustíveis — alinhada à Selic de 15% ao ano, são ameaças ao poder real do crédito rural no campo, apesar do volume recorde anunciado no Plano Safra 2025/2026 — R$ 78,2 bilhões apenas para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) – anunciado com toda pompa.

Como consequência, o valor disponível por hectare pode ficar abaixo do necessário para cobrir os gastos efetivos de produção, forçando o produtor rural a complementar o financiamento com recursos próprios, reduzir a área de cultivo ou postergar investimentos em tecnologia e sustentabilidade.

O alerta vem de entidades do setor que chamam atenção para um descompasso entre o crédito formalmente ofertado e sua efetiva capacidade de sustentar a produção. Estudo técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), por exemplo, estima que o custo real do crédito, somando juros, tarifas bancárias, seguros obrigatórios e demais encargos, pode chegar a 18,6% ao ano. A cifra contrasta com os juros nominais divulgados oficialmente, que variam de 0,5% a 6%.

A diferença entre o valor contratado e o efetivamente disponível ao produtor gera distorções principalmente nas regiões onde os custos por hectare têm subido de forma mais acelerada. A alta dos preços de adubos, defensivos e combustíveis nos últimos dois anos tem corroído a margem de pequenos agricultores, que muitas vezes não têm acesso a fontes alternativas de financiamento nem a redes estruturadas de assistência técnica.

Imagem: assessoria

Outro ponto de alerta é o encurtamento do prazo de reembolso nas linhas de custeio do Pronaf, que passou de 12 para 11 meses. Embora a mudança tenha sido apresentada pelo governo como um ajuste administrativo, ela reduz a margem de manobra do produtor no pós-colheita, pressionando ainda mais a gestão de caixa.

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O presidente do Instituto do Agronegócio (IA), Isan Rezende (foto), considera que o montante destinado à agricultura familiar é importante, mas pondera: “É preciso analisar o crédito além do volume total. Quando o produtor precisa usar recursos próprios para complementar o financiamento oficial, a política deixa de ser instrumento de fomento e passa a gerar endividamento. O Pronaf precisa ser viável por hectare, não só em cifras totais”,

O cenário para o ciclo 2025/2026 prevê ainda a ampliação de programas vinculados ao Pronaf, como o Pronaf Mais Alimentos, Pronaf Semiárido e o Pronaf Bioeconomia. No entanto, os próprios limites de crédito por linha, mesmo ampliados, podem não acompanhar o ritmo de inflação dos insumos, criando novas lacunas de cobertura.

Com foco na sustentabilidade, o governo também anunciou medidas como o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara) e o Programa Nacional de Irrigação Sustentável. Ambos incluem linhas específicas com juros reduzidos para práticas agroecológicas e adaptação às mudanças climáticas. A ideia é incentivar a transição para sistemas mais resilientes, mas o desafio, segundo técnicos da área, será garantir que o acesso a essas linhas seja desburocratizado e chegue de fato ao produtor familiar.

Embora o Plano Safra reforce o compromisso com a agricultura de base e amplie recursos em relação ao ciclo anterior, especialistas afirmam que os gargalos logísticos, o custo real do crédito e a defasagem entre o financiamento disponível e a realidade do campo podem comprometer os efeitos da política pública.

“A solução passa por combinar crédito acessível com assistência técnica permanente, além de ajustes mais finos no cálculo de custos regionais. O crédito só será ferramenta de inclusão se o produtor puder produzir com dignidade e não apenas sobreviver ao financiamento”, conclui Isan Rezende.

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Fonte: Pensar Agro

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AGRONEGÓCIOS

Agronegócio faturou R$ 54,4 bilhões no primeiro semestre

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As exportações do agronegócio de Minas Gerais movimentaram R$ 54,4 bilhões no primeiro semestre de 2025, o equivalente a US$ 9,8 bilhões, consolidando o estado como o terceiro maior exportador do setor no país. O valor representa um crescimento de 18% em relação ao mesmo período do ano passado, apesar da queda de 9% no volume total embarcado, que somou 8,5 milhões de toneladas.

O desempenho foi impulsionado principalmente pelo café, carro-chefe da pauta mineira, que respondeu por mais da metade da receita do período. Foram exportadas cerca de 13,7 milhões de sacas, volume 8,8% menor do que em 2024, mas que gerou uma receita 61% maior, alcançando US$ 5,5 bilhões (R$ 30,6 bilhões). O resultado reflete o cenário internacional de menor oferta e preços elevados, com forte demanda de países como Estados Unidos, Alemanha, Itália e Japão.

As carnes também apresentaram bom desempenho. O segmento — que inclui bovina, suína e frango — faturou US$ 831,6 milhões (R$ 4,62 bilhões), alta de 16,8% no valor e aumento de 4,5% no volume, somando 238,6 mil toneladas exportadas. Em contrapartida, setores como o sucroalcooleiro, produtos florestais e complexo soja registraram retração. As vendas externas de açúcar e etanol caíram 29,3%, totalizando US$ 714,4 milhões. Já o complexo soja (grão, óleo e farelo) embarcou 4,8 milhões de toneladas, com receita de US$ 1,91 bilhão, queda de 16,4% no faturamento.

Minas Gerais enviou mais de 560 produtos agropecuários a 169 países, tendo como principais destinos a China (25,4%), Estados Unidos (12%), Alemanha (8,1%), Itália (5,5%) e Japão (4,6%).

Para a Secretaria de Agricultura, o setor mineiro demonstrou resiliência ao aproveitar oportunidades num cenário externo ainda marcado por volatilidade cambial, medidas protecionistas e incertezas logísticas.

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Segundo a secretaria, a valorização dos preços internacionais compensou a redução dos volumes, especialmente em mercados mais exigentes e seletivos. O Governo de Minas também atribui o bom resultado a políticas de incentivo no campo, como regularização fundiária, segurança rural e programas de irrigação.

Apesar dos desafios em alguns segmentos, o agronegócio mineiro encerra o semestre com saldo positivo, mantendo protagonismo no comércio exterior brasileiro e expectativa de crescimento contínuo nos próximos meses.

Fonte: Pensar Agro

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AGRONEGÓCIOS

Exportações impulsionam mercado, mas consumo segue fraco

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O mercado de arroz no Brasil começa a dar sinais de recuperação, após um período de forte pressão sobre os preços e baixa liquidez. O movimento, embora ainda tímido, vem sendo sustentado principalmente pelo crescimento das exportações, que têm garantido algum alívio para os estoques internos e renovado a expectativa de retomada do setor.

No Rio Grande do Sul, principal polo produtor do país, as cotações mostram leve valorização nas últimas semanas. Negociações pontuais para arroz em casca com bom rendimento industrial (acima de 58% de grãos inteiros) têm ocorrido na faixa de R$ 67 a R$ 68 por saca de 50 quilos (FOB) na Fronteira Oeste. Já na região portuária, os preços CIF oscilam entre R$ 72 e R$ 73, refletindo o interesse de compradores internacionais.

O bom desempenho das exportações em julho — com estimativa de embarques próximos de 200 mil toneladas (base casca) — tem sido decisivo para o fôlego do setor. Com o consumo interno ainda retraído, a saída por meio do canal externo tornou-se fundamental para aliviar a pressão de oferta e gerar sustentação aos preços. Lideranças do setor propõem, inclusive, o redirecionamento de parte dos estoques excedentes — cerca de 10% — para o mercado externo como forma de recompor o equilíbrio.

Apesar desse avanço, o mercado interno segue moroso. As indústrias continuam operando com cautela, comprando volumes reduzidos, geralmente em lotes de mil sacas. A fraca demanda doméstica, combinada ao alto volume disponível no mercado, mantém travada a comercialização da safra e limita o espaço para novas altas nas cotações.

A média estadual da saca no Rio Grande do Sul, para arroz com rendimento entre 58% e 62%, ficou em R$ 67,45 na quinta-feira (17), com pagamento à vista. Isso representa um avanço de 0,39% em relação à semana anterior e de 2,05% frente ao mesmo período do mês passado. No entanto, a comparação com o início do ano ainda é desfavorável, com retração acumulada de 41,88%.

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A sinalização de melhora traz algum alento, mas a consolidação dessa tendência dependerá de estratégias coordenadas entre os elos da cadeia produtiva e políticas que estimulem a fluidez do mercado. O cenário ainda é desafiador, e o equilíbrio entre oferta, demanda e rentabilidade para o produtor permanece como principal meta para os próximos meses.

Fonte: Pensar Agro

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