A um mês da posse como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes tem traçado o roteiro que pretende adotar quando assumir o comando da Corte: vai manter um canal de diálogo aberto e, ao mesmo tempo, ser implacável contra as fake news e os questionamentos ao sistema eleitoral. Alvo constante dos ataques do presidente Jair Bolsonaro, o magistrado tem dito a interlocutores que sua intenção é atuar para “baixar a temperatura” com o Palácio do Planalto.
O ministro assumirá o cargo no dia 16 de agosto, a apenas 47 dias das eleições, e em meio a contestações sem provas de Bolsonaro ao funcionamento das urnas eletrônicas. A estratégia de Moraes para o armistício já começou a ser costurada. Na quarta-feira passada, ele se reuniu com o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Um dos principais articuladores políticos do Palácio do Planalto e da campanha à reeleição do presidente, Nogueira sondou o magistrado sobre a possibilidade de o TSE fazer algumas concessões às sugestões feitas pelo Ministério da Defesa para o processo eleitoral, entre elas a de promover uma reunião entre técnicos do tribunal e das Forças Armadas, conforme revelou a colunista Malu Gaspar. O magistrado, contudo, não se comprometeu a aceitar o pedido.
Militares ouvidos pelo GLOBO dizem acreditar numa melhoria na interlocução com o TSE quando Moraes assumir a presidência da instituição, tendo em vista a boa relação que o ministro mantém com alguns militares. Na visão de integrantes da caserna, o magistrado estaria mais disposto a dialogar sobre as sugestões feitas ao processo de votação do que o atual presidente da Corte, Edson Fachin.
A relação de Moraes com integrantes do governo e lideranças de partidos políticos também é apontada por outros ministros da Corte como um atributo favorável à sua gestão. Desde fevereiro deste ano, como vice-presidente do TSE, o ministro manteve conversas frequentes com representantes de diferentes legendas, e a expectativa dentro do tribunal é que esse contato seja intensificado com a proximidade das eleições.
Ao assumir interinamente a presidência do TSE no recesso do Judiciário, em julho, o ministro participou de uma série de reuniões com diferentes partidos e dirigentes políticos. Quem acompanhou os encontros diz que o magistrado adotou uma postura “firme” e “assertiva”, deixando claro que terá tolerância zero a discursos de ódio e incitação à violência eleitoral.
Na sexta-feira, Moraes deu dois dias para Bolsonaro se manifestar sobre uma acusação de legendas da oposição de que discursos do presidente da República têm incitado episódios de violência. Os partidos acionaram a Justiça Eleitoral após um dirigente petista ter sido assassinado por um bolsonarrista em Foz do Iguaçu (PR).
Ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo e ex-ministro da Justiça no governo de Michel Temer, Moraes também nutre uma boa interlocução com as polícias, o que, segundo ministros ouvidos pelo GLOBO, é visto como ponto positivo para sua gestão à frente das eleições deste ano. O magistrado avalia uma proposta para reforçar parcerias com as corporações nos estados, em conjunto com os Tribunais Regionais Eleitorais.
Formação da equipe
Auxiliares que vão com Moraes no TSE preparam para as próximas semanas uma série de reuniões com diferentes setores do tribunal para dizer o que esperam da próxima gestão do ministro à frente da Corte. Futuro secretário-geral da istituição, José Levi Mello do Amaral Júnior será quem conduzirá os encontros. Ex-advogado-geral da União do governo Bolsonaro e ex-ministro da Justiça interino no governo Temer, Levi é a pessoa de confiança de Moraes e atua como um canal entre o ministro e integrantes do Executivo.
Entre as medidas já adotadas pela futura gestão de Moraes no TSE está o convite, feito na semana passada, para que todos os chefes e diretores de departamentos do Tribunal permaneçam em suas funções. É o caso, por exemplo, das secretarias de Tecnologia da Informação (TI), sob o comando de Júlio Valente, e de Polícia Judicial, que continuará sob a chefia do delegado da Polícia Federal Disney Rosseti.
A primeira rodada da pesquisa PoderData, após início do pagamento do Auxílio Brasil com reajuste para R$ 600, mostra que o governo de Jair Bolsonaro (PL) está mais bem avaliado entre quem recebe o benefício do que entre a população em geral. Segundo o levantamento, que foi realizado entre 14 e 16 de agosto de 2022, a taxa de aprovação da atual gestão atual é de 45% entre as pessoas que receberam algum pagamento do programa substituto do Bolsa Família no último mês.
Já a taxa de desaprovação do governo nesse grupo é de 51%. No entanto, a pesquisa aponta um movimento favorável à administração Bolsonaro nos últimos 15 dias.
O levantamento aponta, ainda, um crescimento de Bolsonaro entre os beneficiários em termos de intenção de voto. Há duas semanas, o mandatário tinha 25% nesse grupo. Agora, são 39%.
Os dados da pesquisa foram coletados através de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 3.500 entrevistas em 331 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais parta mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95%. O registro no TSE é BR-02548/2022
PoderData: 56% desaprovam governo de Jair Bolsonaro
O governo de Jair Bolsonaro (PL) é desaprovado por 56% do eleitorado brasileiro, de acordo pesquisa PoderData realizada de 14 a 16 de agosto. Além disso, 40% aprovam a gestão do atual presidente.
De acordo com a pesquisa, a aprovação do governo é ligeiramente mais favorável entre os beneficiários do Auxílio Brasil: 45% aprovam e 51% desaprovam.
Veja em quais grupos Bolsonaro tem mais dificuldade:
sexo – só 34% das mulheres aprovam o governo; entre homens, a taxa sobe para 46%
idade – aprovação é mais alta entre os adultos de 25 a 44 anos (47%)
região – moradores do Nordeste (61%) são os que mais desaprovam a gestão Bolsonaro
renda – desaprovação é de 61% entre os que têm renda familiar de até 2 salários mínimos
Os dados foram coletados de 14 a 16 de agosto de 2022, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 3,5 mil entrevistas em 331 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O registro no TSE é BR-02548/2022.