Deltan Dallagnol foi chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato no MP
Autora da denúncia que acusa o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) e sua mulher, Rosangela, de suposta prática de crime eleitoral na transferência de seu domicílio eleitoral para São Paulo, a empresária Roberta Luchsinger acionou a Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná pedindo a inelegibilidade do ex-procurador Deltan Dallagnol, pré-candidato a deputado federal pelo Podemos.
Luchsinger aponta na ação que de acordo com a Lei da Ficha Limpa é vedado a magistrados e membros do Ministério Público disputar eleições nos oito anos seguintes ao pedido de exoneração de seus cargos, caso respondam a algum processo administrativo disciplinar.
Portanto, segundo sustenta a empresária, Dallagnol deveria ser considerado inelegível por ter pedido exoneração do cargo de procurador mesmo sendo alvo de 52 representações no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). A informação foi divulgada pela Folha de S. Paulo e confirmada pelo GLOBO.
O ex-procurador respondeu no CNMP processos administrativos disciplinares (PAD), reclamações disciplinares e sindicâncias. Em duas dessas representações ele foi condenado e recebeu penas de censura e de advertência.
Procurado pelo GLOBO, Dallagnol negou que respondesse a algum PAD quando deixou o MP. “A existência de meras reclamações, que são simples pedidos feitos à Corregedoria, sem exame de mérito, por força da lei, que é clara, não torna ninguém inelegível”, disse em nota enviada por meio de sua assessoria.
Ainda no comunicado, o pré-candidato disse que sua situação “não se enquadra em nenhuma previsão da lei de inelegibilidade”. Ele afirmou também que “políticos corruptos e representantes do sistema querem, a todo custo, inventar uma narrativa de que Deltan estaria inelegível, mas essa batalha eles já perderam”.
O ofício protocolado na Procuradoria do Paraná destaca ainda que Dallagnol inclusive já começou suas atividades para concorrer como candidato nas eleições deste ano, ao lançar sua vaquinha virtual de pré-campanha onde pretende arrecadar R$300 mil.
A representação é assinada pelas advogadas Maíra Recchia, Priscila Pamela e Gabriela Araujo. Além de empresária, Luchsinger é ativista política e pré-candidata à deputada Federal pelo PSB em São Paulo.
Ela também é autora da denúncia que levou Sergio Moro e sua esposa, Rosangela, a responderem a um inquérito da Polícia Federal sobre suposta prática de crime eleitoral na transferência de seu domicílio eleitoral para São Paulo. Se condenado por órgão colegiado, ele poderá se tornar inelegível ainda este ano.
A denúncia foi feita depois de Moro ter a transferência de seu domicílio negada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), após uma ação movida pelo PT.
Presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar opositores e se colocou como “lado do bem” da nação
O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi ao Rio de Janeiro para participar de evento com evangélicos na Praça da Apoteose, no início da tarde deste sábado (2). Em seu discurso, em meio a apresentações de artistas gospel, ele voltou a afirmar que o “Brasil enfrenta uma luta do bem contra o mal” e fez apelo a pautas conservadoras e caras aos fiéis, como a legalização do aborto e das drogas, e recebeu o apoio do pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que também esteve no local.
A agenda com os fiéis é mais uma dentre os diversos compromissos de Bolsonaro com evangélicos nos últimos meses. Na última semana, ele participou de uma Marcha para Jesus em Balneário Camboriú (SC), assim como já havia feito em Curitiba (PR) e Manaus, no fim de maio. O eleitorado é visto como importante na sua busca pela reeleição, já que impulsionou sua vitória em 2018 e faz parte da base de apoio de seu governo desde então.
Em pouco menos de dez minutos de discurso, o presidente lembrou da origem do bordão comumente associado ao seu governo — “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” — e citou o versículo bíblico que também costuma ser repetido por seus apoiadores: “conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
Sem mencionar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na disputa ao Planalto — o petista tem 47% das intenções de voto, contra 28% de Bolsonaro, segundo o Datafolha —, ele também se colocou como “o lado do bem”, junto aos evangélicos, e voltou a marcar posição contrária a pautas que ele atribui ao seu opositor.
“O Brasil enfrenta uma luta do bem contra o mal. Sabemos o que nosso lado quer, assim como nós sabemos o que o outro deseja. O outro lado quer legalizar o aborto. Nós não queremos. O outro lado quer legalizar as drogas. Nós não queremos. O outro lado quer legalizar a ideologia de gênero. Nós não queremos. O outro lado quer se aproximar de países comunistas. Nós não queremos. O outro lado ataca a família. Nós defendemos a família brasileira. O outro lado quer cercear as mídias sociais. Não queremos a liberdade das mídias sociais. Ou seja, tudo que o outro lado quer, nós não queremos”, disse Bolsonaro.
O presidente tem buscado manter a fidelidade do eleitorado evangélico, em meio à tentativa de Lula de atrair esse público. Pesquisas recentes mostram que o petista tem dividido as intenções de voto com Bolsonaro nesse estrato, embora o chefe do Planalto siga à frente. Mais uma vez sem citar diretamente as eleições, ele pediu aos indecisos que não tomassem sua decisão “baseado no que manda seu coração ou na sua emoção”.
“Tudo que o outro lado quer, nós não queremos. E isso é o que está em jogo em nosso país. Então peço neste momento que Deus ilumine a cada um de vocês. Porque nesses momentos difíceis de decisão, onde cada um importa o que vai fazer. Não faça baseado no que manda seu coração ou na sua emoção. Faça baseado na sua razão. Sempre digo: quem tem dúvida, converse com seus pais ou seus avós. São os melhores conselheiros para você que ainda está indeciso com o que fazer”, completou o presidente.
Em seguida, foi a vez de Silas Malafaia falar à plateia, que acompanhava o evento. Apoiador ferrenho de Bolsonaro desde o início de seu governo, o pastor conclamou os fiéis a orarem Bolsonaro, independemente de seu apreço pelo presidente.
“Não estou perguntando se você gosta de A ou B, de presidente ou de governador. Quem é povo de Deus entende o que eu estou falando. Estou falando para a gente interceder pelas autoridades para que tenhamos uma vida quieta e sossegada. Ou alguém aqui quer bagunça? Ou alguém aqui quer comunismo? Ou alguém aqui quer desgraça, igreja fechada?”, convocou Malafaia.
“Há um movimento no mundo espiritual neste momento. Porque quando a igreja liga na terra ligada no céu, declaro que nós não vamos ter mais corruptos governando esse país. Não vamos ter gente que odeia família, casamento, que quer destruir crianças”, completou o pastor.
Lula participou de caminhada em Salvador neste sábado
Três dias após evitar comentar as denúncias de assédio sexual na Caixa Econômica Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste sábado (2) que o caso envolvendo o ex-presidente do banco Pedro Guimarães seja “apurado e julgado”. A declaração ocorreu durante ato político em Salvador, onde o petista cumpre agenda de campanha.
“Como as mulheres foram vítimas de assédio pelo presidente da Caixa Econômica Federal. É preciso que essa gente seja julgada. E é preciso que essa gente, depois de apurada e julgada, essa gente seja condenada”, afirmou Lula.
“Porque, se não, a gente não vai construir nunca nem um novo homem nem uma nova mulher. Por isso nós temos que ser mais duros na apuração e no julgamento dessas pessoas”, completou.
Na quarta-feira, um dia depois de o site Metrópoles publicar relatos de funcionárias do banco sobre os episódios de assédio, Lula disse em entrevista a uma rádio que não era “procurador e nem policial” e evitou criticar Guimarães, que é aliado do presidente Jair Bolsonaro.
A declaração não repercutiu bem entre apoiadores do petista, que cobraram nas redes sociais um posicionamento mais enfático do ex-presidente.
No mesmo dia, os também pré-candidatos Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) fizeram duras críticas a respeito da conduta de Guimarães denunciada por mulheres que trabalham na Caixa.
Guimarães pediu demissão ainda na quarta-feira e, em comunicado divulgado após a saída do dirigente, a Caixa admitiu que apura denúncia de assédio sexual.