O jornalista José Luiz Datena (PSC), pré-candidato ao Senado por São Paulo, afirmou que se sente desconfortável comas críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL) à imprensa.
O mundo político paulista ainda aguarda a decisão do jornalista – se ele desistirá da disputa como fez nos últimos três pleitos.
“O jogo político está mudando muito. Por enquanto eu estou [pré-candidato]. Continuo com o Tarcísio e sou o senador dele aqui em São Paulo”, disse à Folha de S.Paulo o apresentador do programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes.
Datena integra a chapa apoiada pelo presidente Bolsonaro, que tem Tarcísio de Freitas (Republicanos) na cabeça para concorrer ao Governo de São Paulo.
Questionado pela reportagem se ele se sentia confortável de estar na chapa do candidato de Bolsonaro, apesar dos constantes ataques à imprensa feitos pelo presidente, Datena revelou incômodo.
“Não me sinto confortável. Porque acho que a imprensa brasileira é a melhor imprensa do mundo, que ajudou na história do país os momentos mais difíceis do país”, disse.
“Eu tenho orgulho de fazer parte da imprensa brasileira e claro que não me sinto confortável em ver a imprensa sendo atacada toda hora. Gostaria que o presidente mudasse a sua posição”, afirmou, lembrando sua história como jornalista. “Mas ele tem a forma de ele ser, eu tenho a minha.”
Concorrência contra Moro
De acordo com a última pesquisa RealTime BigData, divulgada em 23 de maio, o jornalista aparece em 1º lugar, com 29% das intenções de voto para o Senado por SP. É seguido pelo ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) com 20% e por França (PSB) com 26%.
Sobre Moro, Datena afirmou que o ex-juiz “parece ter usado o julgamento do Lula para ser ministro do Bolsonaro”. Além disso, disse que gostaria de disputar a eleição contra o ex-ministro. “O Moro seria um ótimo candidato que eu gostaria de disputar numa eleição com ele. Porque eu considero o Moro falho em vários sentidos. Acho que ele foi um prejuízo à Lava Jato. Ao invés de ajudar, ele atrapalhou”, declarou.
Jantar de Lula para celebrar documentário arrecada R$ 2 milhões
O jantar de advogados que terá a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no próximo domingo servirá para celebrar o lançamento do documentário “Amigo secreto”, sobre a operação Lava-Jato. A diretora Maria Augusta Ramos deve estar presente no evento, que será realizado em um restaurante de São Paulo.
O encontro é organizado pelo Grupo Prerrogativas, que reúne profissionais do direito críticos à operação e simpatizantes do petista. Devem estar presentes advogados como Marco Aurélio de Carvalho, Pedro Serrano e Alberto Zacharias Toron, entre outros.
Parte dos integrantes do Prerrogativas ajudou a bancar o filme que trata do episódio que ficou conhecido como Vaza-Jato, o vazamento de conversas entre integrantes da força-tarefa da Lava-Jato. O documentário aborda o impacto político das investigações sobre corrupção na Petrobras e a anulação dos processos. Segundo o colunista Lauro Jardim, “Amigo secreto” foi o oitavo longa mais assistido nos cinemas do país entre os dias 16 e 19 deste mês.
Advogados que participam da organização do evento de domingo afirmam que o jantar não tem objetivos de arrecadação. Para entrar não será necessário comprar convites, dizem eles, tanto que foram convidados também defensores públicos e advogados de movimentos sociais.
Muitos dos que estarão presentes, porém, fizeram doações ao PT, que chegaram a a valores de até R$ 20 mil. Foram arrecadados cerca de R$ 2 milhões, que irão para o partido, já que a campanha de Lula ainda não pode receber recursos. As doações ocorreram dentro de uma campanha de arrecadação de recursos do PT voltada a categorias específicas de profissionais.
Além do ex-presidente, o seu vice, Geraldo Alckmin também deverá participar. Eles devem conversar com os presentes. Na terça-feira, Lula deve ter um outro jantar com advogados e empresários, também em São Paulo.
Após áudios, governistas veem dificuldade para retirar apoio a CPI
Após a divulgação dos áudios do ex-ministro Milton Ribeiro, nos quais ele cita o presidente Jair Bolsonaro (PL), a base governista no Senado acredita, que com a avançar das investigações da Polícia Federal, será difícil evitar a CPI do MEC, articulada pela oposição na Casa. A lista para pedir a abertura da comissão parlamentar de inquérito já tem as assinaturas necessárias para ser apresentada ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Senadores aliados de Bolsonaro apostam agora na resistência da presidência da Casa em instalar o colegiado.
Nesta sexta-feira, em conversa telefônica grampeada pela Polícia Federal, Milton Ribeiro afirma que Bolsonaro o avisou que estava com um “pressentimento” de que poderia haver uma operação de busca e apreensão contra o ex-ministro. O diálogo foi interceptado no dia 9 deste mês. Nesta semana, Ribeiro foi alvo de uma ação da PF.
Em caráter reservado, governistas já admitem que uma articulação política não será suficiente para conseguir reverter os apoias à abertura do colegiado. Até o momento, a CPI do MEC já conta com 28 assinaturas, uma a mais do que necessário para ser aberta.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), responsável em recolher as assinaturas, espera conseguir mais três nomes antes de apresentar o requerimento para Pacheco. Segundo o líder da oposição no Senado, isso faz parte da estratégia para evitar que o pedido não possa ser protocolado caso algum signatário retire seu nome da lista, como aconteceu em abril.
Naquele mês, o governo conseguiu convencer três senadores a retirar seu nome da lista: Weverton Rocha (PDT-MA), Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) e Styvenson Valentim (Podemos-RN). Agora, líderes do governo acreditam que repetir a mesma estratégia será mais difícil.
O responsável na articulação para barrar a abertura da CPI é o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-R). Em abril, quando as primeiras denúncias de irregularidades no MEC vieram à tona e a oposição começou a colher a assinatura para o colegiado, Portinho apresentou um pedido para abrir uma comissão que investigue obras paradas do Ministério da Educação em governos passados.
Uma das estratégias do governo é retomar esse pedido de CPI, que também conta com 28 assinaturas. Os suplentes dos senadores Márcio Bittar (União Brasil-AC) e Carlos Fávaro (PSD-MG), Eduardo Velloso (União Brasil-AC) e Margareth Buzzetti (PP-MT), respectivamente, assinaram a lista da comissão governista, fazendo com que o rol voltasse a ter o número de nomes necessários.
A ideia é que, caso Pacheco decida abrir a CPI da oposição, ele também precisará dar prosseguimento à comissão dos governistas e a outras duas que já foram apresentadas no Senado — uma de autoria do senador Plínio Valério, para investigar a atuação de ONG, e outra de Eduardo Girão (Podemos-CE), sobre aumento da violência nos estados do Norte e Nordeste.
No entanto, o regimento da Casa não obriga que seu presidente siga a ordem de apresentação de pedidos de CPI para instalar os colegiados. Há uma estimativa, porém, que os governistas judicializem o caso se Pacheco resolver a comissão apoiada pela oposição antes de todas as outras.
Outra estratégia é tentar dissuadir os senadores que assinaram a lista para a CPI do MEC alegando que faltam cerca de 100 dias para eleição e que o colegiado será usado como palanque eleitoral do PT. Um dos argumentos usados para isso é que Randolfe é um dos coordenadores da campanha do ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva.
O próprio presidente do Senado já afirmou que a proximidade com a eleição pode prejudicar o trabalho da comissão. Porém, na mesma ocasião que fez essa declaração, também afirmou que poderá instalar a CPI se ela cumprir os critérios necessários — isto é, número suficiente de assinaturas e fato determinados a ser investigado pelo colegiado.
Randolfe espera ter mais três apoios antes de protocolar o pedido de CPI à presidência do Senado: Marcelo Castro (MDB-PI), presidente da Comissão de Educação na Casa, Otto Alencar (PSD-BA) e Alexandre Silveira (PSD-MG). Este último é um aliado próximo de Pacheco, e seu apoio à comissão é considerado fundamental para que ela seja aberta.