Presidente Jair Bolsonaro volta a atacar o STF em almoço com empresários no Rio
Em encontro com empresários realizado nesta quarta-feira na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro, no Centro da capital fluminense, o presidente Jair Bolsonaro disse que, em sua viagem aos Estados Unidos para a Cúpula das Américas, onde se encontrará pela primeira vez com o líder americano Joe Biden, pretende tratar sobre segurança alimentar, transição energética e questões ambientais.
“O mundo não vive mais sem o Brasil, a não ser passando fome. Falaram da minha ida à Rússia. Mas, importante, aportaram 26 navios de fertilizantes (aqui), e garantimos o nosso plantio até no mínimo o nosso primeiro trimestre do ano que vem. Optamos pela opção de equilíbrio, não queremos a guerra e sabemos o nosso potencial e dos outros”.
Bolsonaro viaja acompanhado de sua comitiva e da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, cuja presença destacou no discurso.
“Coisa rara ela viajar comigo”, disse Bolsonaro, cuja campanha de reeleição tem planos de explorar mais a imagem da primeira-dama para reduzir resistência do presidente junto ao eleitorado feminino.
Bolsonaro reforçou o potencial do hidrogênio verde brasileiro na área de energia e voltou a reclamar de críticas à gestão ambiental no Brasil, repetindo a afirmação falsa de que a Amazônia não pega fogo.
O presidente, que foi criticado diversas vezes por entidades empresariais, sociedades científicas e organizações sociais por menosprezar a gravidade da Covid-19 e defender medicamentos sem comprovação de eficácia, tentou reposicionar suas responsabilidades sobre os efeitos da pandemia no país e levantou dúvidas sobre os testes que atestaram o uso emergencial de vacinas contra a doença:
“Não errei na pandemia. Porque estudei, me informei. Ligava para embaixador no mundo todo. Uma das coisas que fiz foi mandar uma comitiva em Israel para ver o spray nasal. Ah, não tem comprovação científica? E a vacina tem?”.
O presidente defendeu ainda para os cerca de 380 convidados sua postura contra as medidas de isolamento social durante a pandemia, mas não avaliou as mais de 600 mil mortes registradas no país:
“Eu falava que não podia fechar nada, que tinha que cuidar dos idosos, mas não fechar. Quando ficou uma moda de “ficar em casa e a economia a gente vê depois”, os informais foram condenados a morrer de fome em casa. Fizemos o auxílio (emergencial), o Pronampe e logo chegaremos no desemprego em dois dígitos”, prometeu o presidente, sem mencionar que o auxílio emergencial foi uma iniciativa do Congresso.
Simone Tebet critica forma como PEC Eleitoral foi aprovada no Senado
Pré-candidata à Presidência, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) criticou nesta quinta-feira a forma com a PEC Eleitoral foi aprovada no Senado, mas votou a favor do texto com a justificativa de que é preciso combater a crise econômica e o aumento da fome no país.
A proposta viola restrições da lei eleitoral para criar e ampliar uma série de benefícios sociais, ao custo de R$ 41,2 bilhões, a apenas três meses do primeiro turno. A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) vê na medida uma forma de conquistar votos no momento em que aparece atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas eleitorais.
Entre os pré-candidatos ao Planalto, além de Tebet, Bolsonaro e Luiz Felipe D’Avila (Novo) também reagiram à aprovação da PEC no Senado. Enquanto o atual titular do Palácio do Planalto comemorou o projeto, D’Avila criticou o caráter eleitoreiro da proposta. Lula e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), por sua vez, não comentaram o assunto.
“O Auxílio Brasil vai de R$ 400 para R$ 600. O auxílio para o caminhoneiro é de R$ 1.000. Sei que é pouco, que os caminhoneiros gastam bastante combustível, mas é uma ajuda. Também vamos dobrar o valor do vale gás e vem mais coisa”, disse Bolsonaro em sua live semanal.
A PEC viabiliza “bondades” do governo com o objetivo liberar a ampliação de gastos e viabilizar a criação e a ampliação de uma série de benefícios sociais em período eleitoral.
Tebet votou a favor da proposta, alegando que a crise econômica e o aumento da fome no país tornavam necessária a ampliação dos auxílios sociais.
“Este é o caminho certo no que se refere esta questão dramática em que o Brasil está vivendo. A fome tem pressa, nós sabemos disso. Nós não estamos diante de uma escolha de Sofia. Não quando tantas Sofias e Marias estão sofrendo a dor da fome. Então não é uma escolha de Sofia, nós temos que efetivamente avançar e avançar rapidamente em uma solução para quem hoje não tem o que dar de comer a seus filhos.”
No entanto, a senadora criticou que a PEC não respeitou os ritos habituais de projetos do tipo, que costumam passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A matéria foi analisada direto no plenário.
“Esse projeto começou errado e termina errado. O meu voto é favorável, mas eu quero fazer um apelo à vossa excelência”, disse Tebet, se dirigindo ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“Que nenhuma PEC, nenhuma emenda constitucional deixe de passar pela Comissão de Constituição e Justiça, nem que façamos isso em 48 horas.”
A declaração da senadora foi feita durante a sessão que aprovou a PEC Eleitoral. Em um comentário duro, Tebet classificou a tramitação da proposta como algo feito “na coxa”.
“Não é possível nós entrarmos para os anais da história do Brasil, de votarmos uma PEC tão relevante, que fura teto, que viola lei de responsabilidade fiscal, que atinge a regra de ouro, fazendo alterações de vírgula ou de parágrafo na coxa. Porque é isso que estamos fazendo.”
O candidato do partido Novo, Luiz Felipe D’Avila, por sua vez, criticou o caráter eleitoreiro da proposta e disse que o projeto serve como um “cheque em branco” ao governo Boslonaro.
“Com caráter eleitoreiro, a PEC/16 é mais uma ameaça ao Brasil, disfarçada de bondade. São quase R$ 39 bi destinados para criar gastos em pleno ano de eleição. Reitero que não sou contrário ao subsídio às famílias, contudo, é inegável que tal projeto está sendo usado para contemplar objetivos eleitorais”, escreveu D’Avila.
O diretório nacional do PT aprovou nesta quinta-feira uma resolução que destina o máximo valor permitido pela legislação para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. O ex-presidente ficará com R$ 132 milhões do fundo eleitoral , o que equivale a 26,03% do total de recursos públicos reservados para o partido.
A mesma resolução estabelece que os candidatos a deputado federal homens receberão R$ 148 milhões, 29,41% da fatia do fundo do PT.
Por determinação da legislação, as candidatas mulheres a todos os cargos que estão em disputa este ano ficarão com 30% dos recursos, o que representa R$ 151 milhões.
O partido ainda decidiu que não repassará recursos para candidatos de outros partidos, mesmo que tenha fechada apoio no estado.
“O PT não destinará recursos diretamente às candidaturas de outros partidos e às candidaturas próprias a vice e a suplentes”, afirma um trecho da resolução.
Os candidatos a governador do partido ficarão com R$ 42 milhões, o equivalente a 8,34% do fundo eleitoral.