Inquérito apurava se Ciro Nogueira cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu à ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), o arquivamento do inquérito que apurava se o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI) , recebeu propina do grupo J&F e cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A manifestação da PGR é assinada pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, e contraria o relatório da Polícia Federal apresentado há um mês.
Segundo a PGR, não há elementos que comprovem a atuação do senador para garantir o apoio do Partido Progressista às eleições da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014.
“Não havendo a comprovação sobre a existência de eventual acerto da quantia de R$ 8 milhões com CIRO NOGUEIRA, em contrapartida ao adiamento de uma reunião partidária sobre o desembarque do PP do Governo DILMA, perde força a narrativa de que teria ocorrido um pagamento no valor de R$ 500 mil como parte do acerto financeiro supostamente feito quase um ano antes”, diz a manifestação da PGR.
Lindôra afirma que todas as providências indicadas pela Procuradoria- Geral da República e autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal foram cumpridas, “não havendo mais linha investigativa a se seguir, no ponto”.
“Desse modo, forçoso reconhecer que a apuração não reuniu suporte probatório mínimo (justa causa em sentido estrito) que ampare o oferecimento de denúncia em desfavor do parlamentar federal investigado”, apontou.
No último dia 8 de abril, a PF levou ao Supremo um entendimento diferente. Segundo os investigadores, Nogueira recebeu propina do grupo J&F e cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Na ocasião, a defesa do ministro negou quaisquer irregularidades.
Segundo a PF, Joesley fez promessa de pagamento de vantagem indevida, no valor de R$ 8 milhões para que Ciro Nogueira adiasse uma reunião do PP que decidiria sobre a saída ou não da base do governo Dilma. “Ciro Nogueria aceitou a proposta”, afirma o documento.
O acordo firmado entre MDB, PSDB e Cidadania previa que o candidato do centro democrático seria escolhido com base em pesquisas quantitativa e qualitativa feitas no último fim de semana pelo professor Paulo Guimarães. O combinado era que o resultado do levantamento seria divulgado nesta quarta-feira, o que não ocorreu.
Estrategistas de Doria afirmaram que o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, sequer comunicou o paulista sobre os resultados e tampouco forneceu acesso ao levantamento . Especializado em direito eleitoral, o advogado Arthur Rollo, que representa Doria, voltou a dizer que o resultado das prévias , cuja decisão foi tomada por mais de 17 mil filiados tucanos, está acima de qualquer decisão de aliança da terceira via. A defesa de Doria se respalda num artigo do estatuto tucano que garante a convenção partidária como o momento certo para homologar a candidatura do vencedor das primárias.
Para Rollo, os dirigentes de MDB, PSDB e Cidadania não têm competência para decidir lançar Tebet como cabeça de chapa.
“Eles (Baleia Rossi, Bruno Araújo e Roberto Freire) não têm poder para tomar essa decisão.”
Marqueteiro experiente em campanhas políticas, Lula Guimarães, que trabalha com Doria, demonstrou indignação e cobrou que os dados sejam mostrados. Desde que o parâmetro de pesquisa foi adotado para que os partidos de centro apontassem um nome para encabeçar a chapa do centro democrático, diversas lideranças do PSDB denunciaram que a medida seria uma forma de tentar rifar Doria da disputa com base em sua rejeição, que é a maior que a da emedebista nas pesquisas de opinião, já que ela é pouco conhecida do eleitorado. Guimarães, no entanto, contesta essa tese:
“Nenhuma das pesquisas divulgadas regularmente dão alguma vantagem para Simone Tebet em relação a João Doria. Nem o critério de rejeição se sustenta, já que proporcionalmente a senadora é mais rejeitada que o governador”, afirma Guimarães.
O marqueteiro ainda foi além e disse que uma hipótese de substituição de Doria por Tebet como cabeça de chapa “seria um equívoco histórico”. Para Guimarães, Doria tem mais experiência e ativos políticos a apresentar ao eleitorado do que a senadora. Ele citou o exemplo do legado vacina Coronavac contra a Covid-19:
“João tem o que mostrar numa campanha que compete com dois presidentes porque esteve no comando do executivo. O que a senadora Simone tem para mostrar ao eleitor além de intenções? João tem uma obra concreta que se materializa com o fato de ter trazido a vacina contra a Covid-19 para os brasileiros, por exemplo, entre outras. Logo, não há o que justifique a escolha da senadora. Seria um equívoco histórico.”
Simone Tebet diz que sua decisão não depende dos planos de Doria
Em reunião a portas fechadas, os presidentes do PSDB, MDB e Cidadania chegaram à conclusão nesta quarta-feira que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) é mais viável eleitoralmente do que o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) . Os três dirigentes — Bruno Araújo (PSDB), Baleia Rossi (MDB) e Roberto Freire (Cidadania) — analisaram os dados de uma pesquisa encomendada pelas três siglas e combinaram de levar o nome da parlamentar para ser referendado pela Executiva dos três partidos na próxima terça-feira .
No encontro ocorrido na sede do Cidadania, em Brasília, o professor Paulo Guimãres, do instituto que leva o nome dele, apresentou os resultados do levantamento contratado para verificar quem seria o candidato mais viável para disputar o Planalto neste ano — Tebet ou Doria. Segundo políticos que participaram da reunião e não quiseram se identificar, o levantamento apontou a senadora como a favorita por ter uma rejeição menor e ter mais potencial de crescimento.
Na saída do encontro, os três dirigentes não quiseram anunciar oficialmente a opção por Tebet, restringindo-se a dizer que consultariam antes a Executiva de cada partido para decidir por um candidato único da terceira via .
“Terça-feira que vem fica público uma posição dos três partidos e se os três confirmam essa posição. E a partir daí inicia-se um processo de dois candidatos postos”, afirmou Bruno Araújo. “Nós três chegamos a um consenso. Só que não somos nós que vamos decidir, não vai ser uma decisão individual minha, nem do Bruno, nem do Baleia”, completou Freire.
Nesta terça-feira, boa parte dos dirigentes do PSDB se reuniram no diretório nacional, em Brasília, para ampliar a pressão para que Doria seja desista da corrida à Presidência. O movimento foi capitaneado por seu opositor, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que declarou ontem que ele está “atrapalhando” a campanha dos pré-candidatos aos governos estaduais. A Executiva tucana chegou a aprovar que o paulista fosse “convidado” para uma reunião na manhã desta quarta-feira, em Brasília. Mas ele declinou do convite.