As escamas de peixe e conchas de mariscos que antes eram descartados pelas pescadoras e pescadores artesanais da Vila de Jubim, na Ilha de Marajó (PA), agora, estão ganhando uma nova utilidade na comunidade após a realização da Oficina de Biojoias, promovida em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Secretaria Nacional da Pesca Artesanal (SNPA) do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA).
Colares, brincos, pulseiras e roupas customizadas são umas das peças que estão sendo produzidas com rejeitos da cadeia produtiva local. Para a pescadora e aluna da oficina Lívia Maria Oliveira, o curso está contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico da comunidade. “Poder produzir acessórios a partir de elementos que antes eram desperdiçados é quase mágico e muito gratificante. Estamos agregando valor aos materiais que temos em nossa região e com certeza dá pra fazer dessa arte uma renda extra”, revela.
Ela ainda nos conta que o curso incluiu também alunos PCDs. “Eu também sou professora e alguns dos meus alunos estão participando. Estamos observando que no campo pedagógico eles estão desenvolvendo bastante a coordenação motora”, acrescenta.
De acordo com a pescadora e colaboradora do projeto, Jezimara da Silva vinhas, a iniciativa vem levantando temas socioambientais na Vila de Jubim. “É muito importante para as pescadoras e pescadores de Jubim, pois o projeto visa oferecer novas oportunidades e também consegue levantar várias questões e entender o que são nossos maretórios”, destaca. Ela ainda afirma que novas oficinas participativas sobre geração de renda ainda serão feitas na comunidade.
Maretórios Amazônicos
Os maretórios amazônicos são áreas costeiras e marinhas de imensa importância para a sociobiodiversidade. Elas abrigam manguezais e estuários fundamentais para as vidas marinhas e das comunidades tradicionais. Maretórios Amazônicos também é nome do projeto que vem efetivando a oficina, junto com a Escola 7 de Setembro de Salvaterra e o Movimento de Mulheres em Ação do Jubim.
Para a chefe de Divisão da Coordenação-Geral de Assistência Técnica e Extensão Pesqueira, do Departamento de Inclusão Produtiva e Inovações, Eliane Souza Alves, essas iniciativas reconhecem que o saber-fazer das populações costeiras e ribeirinhas vai além da atividade econômica, tratando de um modo de vida profundamente conectado ao território, à natureza e à ancestralidade.
Com a participação majoritária de mulheres na oficina, Eliane Souza relata que mulheres desempenham papeis essenciais na cadeia da pesca artesanal, seja na coleta, no beneficiamento, na comercialização ou na manutenção dos saberes culturais e ambientais do território. “Ao reconhecer e fortalecer o protagonismo feminino, esses projetos ajudam a combater desigualdades de gênero, ampliando o acesso das mulheres a direitos, recursos, capacitação e espaços de decisão”, finaliza.
Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura